quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ADOLF LOOS

Já o Adolf Loos, arquiteto austríaco que se destacou pela sua posição crítica e de repúdio ao ornamento na modernidade, através dos seus manifestos, de realçar: “Ornament is crime” e “Arckitektur” e suas obras arquitetônicas despidas por completo de ornamentação, caso da Vila Müller em Praga. Ele é considerado um precursor do movimento moderno, por seus ideiais da arquitetura funcional através da planificação racional do espaço planeado (“Raumplan”), com vista a um modo sóbrio e respeitável de estar na vida e pela valorização das características inerentes do material. Quanto à questão da funcionalidade Loos sofre claramente influência do arquiteto Louis Sullivan e da Escola de Chicago quando da sua passagem pelos Estados Unidos. Sullivan foi o primeiro arquiteto modernista a defender a máxima de que "a forma segue a função".

Como arquiteto Loos não tem muitas obras executadas. Destacou-se pelos seus textos que abordavam os mais diversos assuntos, desde indumentária, costumes, mobília, música entre várias outras temáticas. Em todos os textos percebe-se o traço principal do autor, crítico e de gene difícil. Os escritos de Loos se caraterizam como “anti-românticos, fastidiosos, puritanos e autoritários” (BANHAM, 1979, p. 135), motivos pelos quais ele conflitua com, e é incompreendido pelos seus contemporâneos, tanto a Deutscher Werkbund como a Livre Arquitetura Inglesa. Estes movimentos se colocam contra o ornamentação supérfula e demonstram desprezo pelos estilos catalogados, porém não há qualquer exitação em usar ornamentos da própria invenção e explorar as qualidades decorativas inerentes aos materiais, o que vai em contraponto com os ideiais do Loos. Quanto aos ataques ao Art Nouveau, que no caso da Austria denominava-se Suzession, nem sempre foram feitos num tom sério, e quase sempre misturados com aspetos pessoais, como é o caso da “História do pobre homem rico”, o que fez com que esses escritos fossem alguns parar na obscuridade. Um dos manifestos, crítica direta aos mestre do Art Nouveau – Otto Eckmann e Van de Velde - é o “Ornamento é crime”.

“Agora que o ornamento não está mais organicamente integrado em nossa cultura, ele cessou de ser uma expressão válida dessa cultura. O ornamento que é desenhado não tem relevância para nós, para a humanidade em geral, nem para o ordenamento do Cosmos. Ele é não-progressista e não-criativo.” (Ornamento é crime)

“...e o homem moderno pode empregar o ornamento de culturas hitóricas e exóticas como quiser, mas seus próprios talentos inventivos estão reservados e concentrados em outras coisas.” (Ornamento é crime)

“(...) Digo-lhes que chegará o dia em que uma cela de prisão mobilada pelo Professor van de Velde será considerada como agravante da pena. (...)” (FRAMPTON, 1985, p.111).

Adolf Loos entende a evolução da humanidade como a capacidade de se desligar do ornamento nos utensílios cotidianos. “...a evolução da cultura é equivalente é retirada à retirada de ornamentos dos objetos usuais”. Para explicar isso, ele “assemelha” a sociedade antiga a uma criança, e as sociedades sem “cultura” aos Papuas, é desta forma que ele compreende o ornamento como um reviver de culturas antigas ou então desconhecidas porém não tolera a invenção do ornamento pelo homem moderno, pois para ele já vencemos o ornamento e podemos brilhar pela simplicidade de nossas criações. “O ornamento moderno não tem ascendentes nem descendentes, não tem passado nem futuro”.

“Mas o homem do nosso tempo, que picha as paredes com símbolos eróticos, motivado por seu próprio ímpeto é um criminoso ou um degenerado(...) Pode-se medir a cultura de um país pelo grau de pichação das paredes dos banheiros públicos.” (Ornamento é crime)


Para Loos o ornamento é crime também pelo fato de desperdiçar dinheiro – a cada dez anos você é obrigado a trocar uma mobília cujo o custo financeiro ultrapassa em muito o valor estético – trabalho humano – acredita que o sapateiro por exemplo, que confeciona um ornamentado sapato sem ser devidamente recompensado, não o faz por prazer o que gera um maior desgaste da sua saúde – e matéria – quantidade que seria suficiente para confecionar um número maior de objetos é desperdiçado. Quando diferencia-se a obra-de-arte do objeto corriqueiro, e quanto menos preso estiver a algum estilo e/ou época mais valorizado e recompensado será o artista pelo trabalho, portanto mais feliz este ficará. “Feliz o país que não tem tais atrasados e aproveitadores”(Ornamento e delito). Esta perspectiva funcionalista da arquitectura e do design será uma das imagens de marca do Modernismo.

“Se todos os objetos durassem esteticamente o tanto quanto duram fisicamente, o consumidor poderia estabelecer para eles um preço, que possibilitaria para o trabalhador ganhar mais dinheiro e trabalhar menos tempo.” (Ornamento é crime)

“Suporto ornamento no próprio corpo, se fazem a alegria dos meus próximos.” (Ornamento é crime)

1 comentário:

Ana Paula Ribeiro disse...

o título não é "Ornamento É crime", é "Ornamento E crime". No mais, gostei do post.